Saudade é o preço que o amor cobra

Minha avó é a pessoa mais amada que eu conheço. Por todo mundo que a conhecia, sem exceção. Mesmo.


Dizem que avó ama em dobro porque é mãe duas vezes, isso explica perfeitamente o tanto de gente que a chamava de “vó” mesmo sem laço sanguíneo. Se avós amam em dobro, bisavós amam o triplo e ela conheceu cinco bisnetos


Ela é tão amada porque ela tinha muito amor para espalhar. E espalhou. O amor é o legado dela para todas as pessoas que tiveram a sorte de tê-la na vida. Ela criou os filhos, mimou os netos e eu nem tenho vocabulário para tentar dizer como ela se sentia com os bisnetos. Que história bonita que ela teve, sempre tão forte e de alguma forma sem nunca perder a doçura. Ela foi amor até o fim.


Ser sua neta foi um presente. Oh vó, eu sou tão grata pela vida que você teve, pelo tempo que eu tive com você… Mas por que isso não podia durar mais um tempinho? É tão estranho acordar num mundo sem você, e olha que eu mal dormi.


Parece que está faltando um pedaço. E está. Hoje eu -e certamente minha família também- estamos dilacerados. E como poderia ser diferente, se ela nos fazia inteiros simplesmente pelo fato de existir? Mas nós vamos continuar amando como você amou, vamos contar histórias sobre você, vamos ser carinhosos como você foi, vamos ser fortes como você foi, vamos seguir preservando sua doçura até juntarmos todos os caquinhos de volta.


Eu sei que eventualmente toda essa dor vai dar lugar para a saudade, e que  eu só vou pensar nos momentos bons (e olha que foram muitos). Futuramente só haverão boas lembranças. Mas hoje não. Hoje eu vou chorar.

Publicado por Rachel Pinto

Mineira que viveu no Pará, brasileira que viveu na França, depois mee Bélgica. Levo comigo um pedaço de cada lugar por onde passei.

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